sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Água do banho dentro da privada

Na época em que começamos o alicerce da casa e seria necessário realizar o ligamento dos canos de esgoto até a fossa séptica, me deparei mais de uma vez com reportagens sobre o senhor Edison Urbano.
Este senhor inventou algumas coisas para tornar a vida mais sustentável e uma das quais me chamou muito a atenção foi o reaproveitamento da água do banho para uso na descarga.
Há inclusive o esboço (digamos assim, pois segundo o próprio site informa, eles ainda não divulgaram todos os dados técnicos pois todo o projeto encontra-se em fase de testes) de como realizar o reaproveitamento dessa água no site http://www.sociedadedosol.org.br/.
Esse site é muito bacana pois fala de iniciativas como: utilização de energia fotovoltaica, aquecedores solares de baixo custo, etc.
Basicamente, em minhas pesquisas, descobri que a água do banho é classificada como água cinza sendo esgoto que necessita de um tratamento menos intensivo para ser utilizada. Não é o caso da água vinda da pia da cozinha que possui classificação de água negra, justamente por já necessitar de um aparato maior para seu tratamento. Eu não encontrei a classificação da água da máquina de lavar, mas todos concordam que diferente da água do banho, ela "estraga", exalando um cheiro ruim muito mais rápido. Outro dado interessante é que o consumo de água de banho de uma pessoa é em média o mesmo que ela utiliza em descargas (nas convencionais, em casa todos os vasos serão de caixa acoplada, mais econômicas!)
E como não acredito em coincidências, pentelhei meu marido e o pedreiro de que o encanamento da água do banho fosse à parte do resto do esgoto da casa. Ter esse reaproveitamento não economiza só em água, como também poupa nossa fossa, já que a maior parte do que vai para a mesma é água e isso que faz com que elas encham rápido. Conseguida essa vitória, o encanamento de alimentação de água dos vasos sanitários também foi feito à parte em relação aos outros pontos de alimentação de água, mas conta com um registro de fácil acesso na parede para ser aberto que pega água da caixa dágua, caso por ventura não tenha água de reuso disponível.
Quando o encanamento ficou pronto e as pessoas conheciam achavam a idéia super legal. Agora que estamos com as paredes levantadas e o projeto precisando dar sequência de fato eu escuto muito:" ah, mas isso não vai dar problema pra vocês? isso não vai causar transtorno? e se não der certo...?" Eu desanimo por 3 segundos que é o tempo de eu lembrar que quando quis por energia solar, ninguém deu muito crédito e hoje todo mundo acha incrível, que quando quis eu mesma erguer minha casa de tijolo ecológico, sequer me davam atenção e hoje todo mundo bate palmas pra nossa iniciativa.
Tudo que é diferente sempre causa estranhamento, mesmo que você mostre por A+B que é mais econômico. Eu percebo que se tem a alcunha de "ecológico" o preconceito então vai às alturas:  as pessoas no geral consideram bonito na fala, mas pouco acessível e proveitoso na prática.
Hoje, meus encanamentos estão prontos para por o projeto em andamento. O que me falta:
-  ligar os canos num reservatório que deverá contar com alguma peneira para filtrar cabelos e outras partículas sólidas que possam ir com a água do banho e onde será realizado de tempos em tempos o tratamento com cloro dessa água
- fazer com que a mesma "suba" a casa para descer pelos encanamentos. Pelo menos é essa a minha idéia no momento, ter o reservatório no chão para tratamento da água e depois subir ele até a laje do banheiro onde um segundo reservatório irá distribuir para os vasos da casa.
O projeto do site usa uma bomba manual, também de fabricação caseira, para fazer esse "movimento" da água do reservatório para o vaso sanitário. Pode ser uma opção? Pode...mas eu queria algo mais prático, porque é justamente esse tipo de coisa que eu sei que desanima o pessoal de dar sequência. Eu tenho a idéia de usar uma bomba de água simples, 12 V, que utilize energia solar. O que me falta hoje além do dinheiro para comprar essa bomba, é o conhecimento técnico se a água do banho com os componentes de shampoo, sabonete, etc, pode estragar o mecanismo dela.
Vencido esses obstáculos, ficarei feliz e satisfeita quando ao dar descarga, a mesma já venha levemente perfumada de sabonete e com cloro, ou seja, além de economizar água, acho que vou economizar também em limpeza de privada!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Começando as paredes

Uma dica legal que vi para pessoas que começaram a erguer elas mesmo sua casa é poder iniciar um comodo à parte da casa, pequeno, como treino! Vi exemplos de quartinhos, depósito e até casinha pro cachorro...rs

Assim, resolvemos por a mão na massa mesmo levantando a lavanderia. Ela foi nosso treino, nossa escola, onde começamos a pegar os macetes, confiança e também onde erramos (mas ainda bem, erros reversíveis )

As dicas que coletei em relação à levantar paredes e posso listar é que o mais importante de tudo é a PRIMEIRA FIADA.

A primeira fiada é feita de modo tradicional com assentamento do tijolo com argamassa, seguindo rigorosamente o nível e a marcação da linha. Entre as instruções que seguimos:
- A "receita" dessa argamassa é de 3:1, ou seja 3 medidas de areia para 1 de cimento. A medida de água é um pouco no olho, pois vai depender da umidade da areia.
- Antes do assentamento é importante passar uma camada de impermeabilizante na linha onde terá a parede. (novamente a preocupação para que a umidade não "suba" pelas paredes)
- Posicionar todos os tijolos primeiro, inclusive no vão das portas antes de começar a assentar para verificar o espaçamento, desenho, encaixe nos canos que já estavam a espera.
- Deixar a distância da espessura de uma régua escolar comum entre um tijolo e outro
- A argamassa deve ter uma camada de +/- 2 cm.
- Algumas pessoas já deixam os ferros posicionados, antes de concretar, mas preferimos fazer furação com uma furadeira no concreto e encaixar os ferros para não correr o risco de ficar torto ou subir encostando no tijolo, o que li ser prejudicial à estrutura, comprometendo a função do ferro.
- sempre há ferros nos encontro de paredes, no limiar dos vão de portas e janelas e a cada distância que é determinada pela necessidade da construção. No nosso caso, essa lavanderia não teria laje e certamente não iremos fazer um segundo andar nela no futuro..rsrs. Assim, os ferros ficaram a uma distância média de 1,00 a 1,25.
- Dois instrumentos muito utilizados não só nesse momento como em toda a elevação da parede é o martelo de borracha e o nível bolha para verificação e acerto constante da posição dos tijolos.


 
 
- Aquele cano branco no chão foi uma entrada que deixamos para a fiação elétrica. Ao lado, menos visível, está um outro cano que irá alimentar a água.
- Depois da primeira fiada os tijolos podem ser assentados com cola PVA (cola branca), ou uma mistura de cimento, cola e água, ou até mesmo totalmente a seco. Esses elementos servem somente para deixar o tijolo no lugar até ser feito o enchimento das colunas com graute e a concretagem das canaletas.
O que mantem qualquer parede em pé é ela estar alinhada.
Vou parar por aqui, pois já começaria a falar das colunas, canaletas, pontos de água, altura de tomadas e o post ficaria muuuuuuuuito longo.
Olhando para essa foto e pensar que a lavanderia foi erguida em 2 meses, trabalhando somente o meio período que minhas filhas estavam na escola e aos finais de semana, já com o encanamento pronto enche meu coração de alegria e orgulho.
 
 
 
 
 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Alicerce

Desde o começo da obra tínhamos em mente que iríamos erguer as paredes, só que sendo tijolo ecológico, madeira ou alvenaria convencional qualquer casa precisa de um alicerce.

Outro ponto importante sobre o alicerce para o tijolo ecológico: ele precisa ficar a uns 10 cm acima do chão. Por que? Uma das vantagens do tijolo é você não precisar fazer um grande acabamento, sendo o próprio resinado e você terá uma linda parede de tijolinho. Só que a chuva respingando na terra ao redor suja muito e como qualquer outra construção, umidade nunca faz bem às paredes.

Não nos atentamos para isso quando fizemos o muro. e ele ficou rente ao chão.


Futuramente iremos ou cascalhar ou colocar bloquetes de cimento para deixar a água fluir mas não ficar aquele lamaçal na entrada da chácara.

Mas voltando a questão do alicerce: quando questionamos ao fornecedor dos tijolos se o alicerce seria diferenciado a resposta foi NÃO. Mesmo a casa sendo teoricamente mais leve e com uma distribuição diferente do peso das paredes para o chão em relação à alvenaria convencional, o esquema do alicerce seria o mesmo.

Encontrei pessoas na internet que fizeram desde o alicerce a casa elas mesmo, quando usaram o sistema de radier que em grosso modo (não sou engenheira..rs) é uma laje no chão. Por isso só pode ser feito em terreno plano. É como um grande piso com ferragem e concreto que tem em torno de 10 a 15 cm de espessura. Casas populares, feitas em "processo quase industrial" tem alicerce assim, pois ele é muito rápido e mais em conta de fazer.

Só que meu terreno é em declive. Eu poderia ter pagado um trator para fazer um corte no terreno e deixar ele plano um determinado tanto, mas eu não queria a casa num buraco e eu queria que ela fosse alta, que eu visse a rua e não a rua me visse, entendem??..rsrs

Assim, para o alicerce pagamos um pedreiro (no caso meu sogro que fez um preço camarada :) ), para que a casa ficasse no nível da rua. Ele preferia que fosse feito o corte no terreno e tal, o que ele não entendia é que se fosse para fazer o corte no terreno eu não precisaria dele...hahaha.

Não conheço aqui onde moro pedreiro que já tenha trabalhado com tijolo ecológico. Então, para alguns detalhes, é importante ficar em cima , pois até onde sei, mesmo quando o pedreiro é fera no que faz, sempre consegue sair alguma coisa errada.

O alicerce precisa ter uma folga para não faltar espaço para os tijolos. Recomenda-se que a cada 2 metros de parede você acrescente 8 cm, pois os tijolos não ficam grudadinhos um no outro, eles precisam de um espaço para poder trabalhar a dilatação.

Quando for fazer a casa, lembre que suas paredes precisam ter uma medida múltipla da medida do tijolo. O nosso era na medida de 25 x 12,5 x 7 cm, assim as paredes todas são múltiplas de 25 cm. Os vãos de portas também seguem essa regra.

Sapatas com as ferragens antes de ser concretado
Acima do chão, foi utilizado tijolinho maciço. Na parte mais funda 80 cm de parede. Posteriormente foi passado Neutrol, para impedir a parede de "chupar" a umidade da terra que seria colocada ali.

Após encher com terra, brita para impedir a umidade de subir. Alguns tijolinhos simulando, pois a ansiedade era grande..rs
 



Concretado enfim.

Agora percebo que não tiramos nenhuma foto perto que dê para ver os canos. Os canos de esgoto devem estar todos devidamente colocados antes da concretagem para que depois seja só encaixar o tijolo. Farei um post depois só comentando dos canos, pois como eles vão dentro dos furos, tudo precisa estar muito bem planejado.
No nosso caso que só contamos com um único pedreiro para erguer o alicerce, e somente nossos braços e carriolas aos finais de semana para encher com a terra saída do poço, o processo começou na ultima semana de Maio e foi finalmente concretado na segunda semana de Agosto.
Foi muita coisa feita desde então e vou tentar colocar de forma mais organizada possível, levando em conta minha empolgação sobre o assunto...rs

Um grande hiato

Eu peço desculpas e desculpas a todos que já mostraram interesse no blog e perceberam que ele simplesmente parou. Depois de 2 rascunhos de postagens prontas, o meu computador simplesmente pifou. Com a obra em andamento e no momento eu estando desempregada, até consertar o computador se tornou um tanto impossível financeiramente...rs....mas finalmente consegui um computador e estamos de volta!!!!

Uma particularidade do lugar onde estamos é que se trata de uma rua nova. Então não há energia elétrica e nem água encanada (apesar de existir na rua de trás). Desde o começo quando compramos o terreno e o corretor nos veio com aquela lábia de que isso era questão rápida, que praticamente todos os lotes estavam vendidos e logo isso seria resolvido, não acreditei muito (faz mais de 1 ano que ouvimos essa historinha e nada até agora). Então compramos o terreno cientes disso e já pensando em como resolveríamos a questão.

E após a novidade do tijolo ecológico, o segundo item que pesquisamos e fomos atrás foi a bomba de água movida a energia solar. Há kits já prontos em vários sites especializados em energia solar, mas todos tinham um custo em torno de 3 mil para cima. Na época ficamos assustados de investir um valor assim sem saber como funcionava, sem ter ninguém para nos dizer se dava certo, enfim. Então pesquisando mais um pouco encontramos vendedores de bombas com uma capacidade menor e bem mais em conta (abaixo dos mil) e resolvemos testar.

A bomba que adquirimos tem capacidade para elevar 1.000 litros de água a 10 metros de altura e já vinha com um pequeno painel de 30 watts de potência. Ele funcionaria para elevar a alturas maiores, só que proporcionalmente seria menos água, o que não vimos problema.

Muita alegria quando chegou e testamos entre dois baldes de água (hahaha, pode rir, a gente parecia criança quando vê algo novo e que não entende direito). Assim começamos a nos interessar pela energia fotovoltaica.

Esse kit em questão é muito simples, só que obviamente funciona somente quando há sol. Em dias nublados, acredito que pela baixa potência do painel ele não consegue gerar a energia suficiente para fazer a bomba funcionar. Só que a bomba também não fica ligada sempre e nem todos os dias, pois já armazenávamos a água que bombeamos do poço para uma caixa de 500 litros.

Então continuando nossos testes adquirimos uma bateria de carro de 60 ah para deixar o painel funcionando, gerando energia. Com essa bateria conseguimos ligar a bomba em dias nublados e ter luzes a noite pelo terreno. Ah, importante: o painel gera energia numa tensão que varia de 19 v a 30 v em corrente contínua e um pequeno aparelho chamado controlador de carga se encarrega de fazer o controle para carregar a bateria de  12 v. No caso, adquirimos também pela internet lâmpadas que funcionam nessa configuração : 12 V corrente contínua, pois a energia que recebemos da rede em nossas casas é 220 V em corrente alternada, então uma lâmpada normal não poderia ser ligada à bateria. Para isso é necessário outro equipamento : o inversor, mas isso é assunto para outro post quando precisamos de 220 V na obra para ligar furadeiras e outros itens "mais pesados".


Primeiro painel feito em casa.